Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
II Timóteo 4:6-8
Estas são provavelmente as últimas palavras escritas pelo nosso amado apóstolo Paulo. Ele e muitos outros pagaram o preço máximo para abrir caminho para nós nesta grande batalha. Isto nos inspira hoje a acabar a carreira iniciada há 2.000 anos, quando lemos sobre os momentos finais destas grandes colunas da fé. O sacrifício deles foi morrer pelo Evangelho, o nosso é viver pelo Evangelho.
Aqui está uma lista de alguns desses homens da igreja primitiva, e de como eles receberam sua coroa. O que se segue foi extraído do Livro dos Mártires de Foxe.
I. Estêvão
Sua morte foi ocasionada pela fidelidade com que pregou o Evangelho aos traidores e assassinos de Cristo. Eles foram inflamados a tal grau de fúria, que o expulsaram da cidade, apedrejando-o até matá-lo. A época em que sofreu supõe-se geralmente como a Páscoa posterior à da crucificação de nosso Senhor e à época de Sua ascensão, na primavera seguinte.
A seguir suscitou-se uma grande perseguição contra todos os que professavam a crença em Cristo como Messias ou como profeta. São Lucas nos diz de imediato que “fez-se uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém,” e que “todos foram dispersos pelas terras da Judeia e de Samaria, exceto os apóstolos.”
Cerca de dois mil cristãos, incluindo Nicanor, um dos sete diáconos, padeceram o martírio durante a “perseguição que sucedeu por causa de Estêvão.”
II. Tiago, o Maior
O seguinte mártir que encontramos no relato segundo Lucas, na História dos Atos dos Apóstolos, é Tiago, filho de Zebedeu, irmão mais velho de João e parente de nosso Senhor, porque sua mãe, Salomé, era prima-irmã da virgem Maria. Só dez anos depois da morte de Estevão é que teve lugar este segundo martírio. Aconteceu que, tão logo Herodes Agripa foi designado governador da Judeia, com o propósito de agradar os judeus, suscitou uma intensa perseguição contra os cristãos, decidindo dar um golpe eficaz ao lançar-se contra seus líderes. Não se deveria passar por alto o relato dado por um eminente escritor primitivo, Clemente de Alexandria, o qual nos diz que quando Tiago estava sendo conduzido ao lugar de seu martírio, seu acusador foi levado ao arrependimento, caindo a seus pés para lhe pedir perdão, professando-se cristão e decidindo que Tiago não receberia sozinho a coroa do martírio. Por isso, ambos foram decapitados juntos. Assim o primeiro mártir apostólico recebeu, resoluto e bem disposto, aquele cálice que ele tinha dito ao Salvador que estava disposto a beber. Timão e Parmenas sofreram o martírio por volta daquela época; o primeiro em Filipos, e o segundo na Macedônia. Estes acontecimentos tiveram lugar em 44 d.C.
III. Filipe
Nasceu em Betsaida da Galileia, e foi chamado primeiro pelo nome de “discípulo.” Trabalhou diligentemente na Ásia Superior, e sofreu o martírio em Heliópolis, na Frígia. Foi acoitado, encarcerado e depois crucificado em 54 d.C.
IV. Mateus
Sua profissão era arrecadador de impostos, e nasceu em Nazaré. Escreveu seu Evangelho em hebraico, que foi depois traduzido para o grego por Tiago, o Justo. Os cenários de seus trabalhos foram a Pártia e a Etiópia, país em que sofreu o martírio, sendo morto com uma alabarda na cidade de Nadaba em 60 d.C.
V. Tiago, o Justo
Muitos acreditam que Tiago era irmão de criação de Jesus. Ele foi eleito para a supervisão das igrejas de Jerusalém e foi o autor da Epístola atribuída a Tiago no cânon sagrado. Aos noventa e quatro anos ele foi espancado e apedrejado pelos judeus, e finalmente quebraram-lhe o crânio com um porrete.
VI. Matias
Dele se sabe menos que da maioria dos outros discípulos; foi eleito para preencher a vaga de Judas. Foi apedrejado em Jerusalém e depois decapitado.
VII. André
Era irmão de Pedro. Pregou o Evangelho a muitas nações asiáticas, mas ao chegar a Edessa, foi levado e crucificado numa cruz, cujas duas extremidades estavam fixadas transversalmente no chão. Daí originou-se o termo, Cruz de Santo André.
VIII. Marcos
Nasceu de pais judeus da tribo de Levi. Supõe-se que foi convertido ao cristianismo por Pedro, a quem serviu como amanuense (alguém que é empregado para redigir o que lhe é ditado), e sob cuja inspeção escreveu seu Evangelho em grego. Marcos foi arrastado e despedaçado pelo povo de Alexandria na grande solenidade de seu ídolo Serapis, terminando sua vida sob suas mãos impiedosas.
IX. Pedro
Entre muitos outros santos, o abençoado apóstolo Pedro foi condenado à morte e crucificado. Hegesipo diz que Nero buscou razões contra Pedro para matá-lo, e que quando as pessoas perceberam, rogaram a Pedro insistentemente que fugisse da cidade. Pedro, que ante a importunação deles foi finalmente persuadido, preparou-se para fugir. Mas, chegando ao portão, viu o Senhor Cristo vir ao seu encontro, a quem ele, adorando, disse: “Senhor, para onde vais?” A quem Ele respondeu e disse: “Voltei para ser crucificado.” Com isso, Pedro, percebendo que se tratava do seu sofrimento, retornou à cidade. Jerônimo diz que ele foi crucificado com a cabeça para baixo e os pés para cima, conforme sua própria petição, porque disse que era indigno de ser crucificado da mesma forma que o Senhor foi.
X. Paulo
O apóstolo Paulo, que antes se chamava Saulo, depois de sua grande labuta e trabalho indescritível para promover o Evangelho de Cristo, também sofreu nesta primeira perseguição de Nero. Abdias declara que, quando se decidiu por sua execução, Nero enviou dois de seus escudeiros, Ferega e Partêmio, para lhe darem a notícia de sua morte. Chegando eles, encontraram Paulo instruindo o povo e lhe pediram que orasse por eles para que pudessem crer. Ele lhes disse que logo depois creriam e seriam batizados junto ao seu sepulcro. Feito isso, os soldados vieram e o levaram para fora da cidade para o local das execuções, onde ele, após orar, entregou o pescoço à espada.
XI. Judas
Irmão de Tiago, o Justo, era comumente chamado Tadeu. Foi crucificado em Edessa em 72 d.C.
XII. Bartolomeu
Pregou em vários países, e tendo traduzido o Evangelho de Mateus para o idioma da Índia, propagou-o naquele país. Por fim foi cruelmente espancado e depois crucificado pelos impacientes idólatras.
XIII. Tomé
Chamado Dídimo, pregou o Evangelho em Pártia e na Índia, onde provocando a fúria dos sacerdotes pagãos, foi martirizado sendo traspassado com uma lança.
XIV. Lucas
O evangelista foi o autor do Evangelho que leva seu nome. Viajou com Paulo por vários países, supondo-se que foi enforcado em uma oliveira pelos sacerdotes idólatras da Grécia.
XV. Simão
Apelidado de Zelote, pregou o Evangelho na Mauritânia, África, e até na Grã Bretanha, país em que foi crucificado em 74 d.C.
XVI. João
O “discípulo amado” era irmão de Tiago, o Maior… Enviado de Éfeso a Roma, conta-se que foi jogado num caldeirão de óleo fervente, de onde escapou por milagre, sem ferimento algum. Domiciano mais tarde baniu-o para a Ilha de Patmos, onde escreveu o Livro de Apocalipse. Nerva, o sucessor de Domiciano, libertou-o. Ele foi o único apóstolo que escapou de morte violenta.
XVII. Barnabé
Era de Chipre, mas de ascendência judaica. Supõe-se que sua morte tenha ocorrido por volta de 73 d.C.
E apesar das contínuas perseguições e horríveis punições, a Igreja crescia diariamente, profundamente arraigada na doutrina dos apóstolos e de homens apostólicos, sendo regada abundantemente com o sangue dos santos.