O Testemunho de Morris Ungren
A primeira vez que eu vi o irmão Branham em ação foi no ano de 1950, em Camden, Arkansas. Estávamos na igreja batista naquele tempo, e eu tinha ouvido falar dele e escutado uma fita e pensei: “Isso é diferente”. Creio que em uma das fitas ele falou acerca da semente da serpente, e isso despertou a minha curiosidade. Eu queria escutá-lo e minha mãe estava me animando para que eu fosse, e então minha esposa, Vivian e eu, viajamos até Camden.
Antes que ele surgisse, alguém me pediu para que eu subisse até a plataforma para cantar. Então eu cantei “Que Bela História”. Em seguida eu me sentei ali na plataforma junto a número de ministros que eu não conhecia. Eu perguntei a uma pessoa sentada perto de mim quem era algumas daquelas pessoas, e eu soube que o irmão F.F. Bosworth e sua família estavam presentes, junto com Raymond T. Richey e sua família. Isso foi pouco tempo depois que foi tirada a fotografia da Coluna de Fogo no auditório de Houston, de modo que eu imagino que isso pode ter sido uma coisa que atraiu a tantas pessoas ao culto. Gordon Lindsay apareceu e falou por quase meia hora, e logo veio o irmão Branham.
Seu irmão, Howard, lhe trouxe até a plataforma, e quando ele começou a falar, a primeira coisa que ele fez, a primeira pessoa a quem ele reconheceu foi o faxineiro! Eu pensei: “Que classe de decoro ministerial é esse, com ministros sentados por toda a plataforma?”.
Ele falou por quase 15 minutos, e alguns quase tinham que colocar a mão detrás da orelha porque falava muito baixinho. Durante a fila de oração, havia quatro ou cinco pessoas a quem ele as tomou pelas mãos e lhes contou sobre o mal que elas tinham. Logo ele apontou o seu dedo para uma pessoa de frente a nós. Era uma mulher, e ele disse: “Senhora, você não precisa de cartão de oração. Você estava de pé em frente à sua pia lavando os pratos”. Ele lhe disse de que cor era o avental que ela havia colocado, e ele disse: “Você derrubou um copo e se quebrou”, e lhe disse quão nervosa ela estava. Ela levantou as mãos e disse que isso estava certo. Nós percebemos isso, claro.
Enquanto eu começava a acomodar tudo isso, me dei conta de que ele era um vidente. Eu podia perceber que ele estava vendo alguma coisa, e o que ele via estava certo, porque eu vi a reação daquela mulher. Então para mim, primeiramente ele foi um vidente e depois mais tarde eu comecei a ver que ele era um profeta. Mas eu fui convencido ali mesmo, e nunca mudei a minha opinião de modo algum, de que ele era um vidente.
Então começamos a seguir o seu ministério através das reportagens publicadas na revista A Voz da Cura.
Uma das coisas que eu percebi no irmão Branham foi isto: se havia algo na mente de alguém, ele sempre tinha uma resposta. Ele sempre tinha uma forma peculiar pela qual entrelaçava a resposta de alguém em seu sermão, e olhava para alguém quando o falava, e se sabia que era exatamente para alguém. Era uma resposta que alguém desejava, mas também era uma parte do sermão. Tenho certeza que ele fez isso com outras pessoas, mas essa foi uma das peculiaridades que eu notei.
Eu estava conversando com ele sobre a grande pirâmide, porque eu havia estudado e colecionava livros a respeito lá nos anos 40, antes de haver conhecido o irmão Branham. Eu havia dado conferências sobre isso muitas vezes. Eu disse a ele que a data do seu nascimento correspondia com a grande escadaria na pirâmide, já que a medem a uma polegada por ano. Naquela reunião ele disse que estava procurando uma cidade, e a cidade que buscava era a Noiva. O irmão Branham ensinou também que a Noiva é a Nova Jerusalém.
A segunda entrevista que eu tive com o irmão Branham foi em Phoenix, Arizona, no ano de 1964. Ele se reuniu com o meu irmão Robert e sua esposa, Millie e comigo em seu quarto de hotel. Ele havia acabado de pregar na convenção dos Homens de Negócios do Evangelho Completo no Ramada Inn, e havia quase três mil pessoas presentes. Ele falou acerca do batismo do Espírito Santo, e eu vi os ministros balançando a cabeça para a interpretação que ele dava. Ele ensinou que receber o Maná da era é receber o batismo do Espírito Santo, e que falar em línguas não era a evidência. Eles falharam em ver isso.
Várias vezes o irmão Branham me pediu que eu cantasse antes que ele viesse para a plataforma. Eu havia dado tantos concertos que eu não me sentia nervoso cantando para ele.
Eu cantei um solo de “Messias” de Handel no Tabernáculo, a ária de abertura “Consolaos”. Billy Paul fez um comentário a respeito, porém muitos na congregação não estavam acostumados com a música clássica. Mas eu pensei que isso fosse muito apropriado para o ministério, já que é a profecia de Isaías 40 concernente a João Batista.
Sempre cantei hinos que tivessem a ver com a Palavra, e o irmão Branham sabia disso. Em junho do ano de 1964, eu cantei “Que Bella História” no Tabernáculo de Jeffersonville. A igreja estava repleta; as pessoas estavam sentadas nos peitorais das janelas, e muitos estavam do lado de fora. Eu me posicionei para cantar e imediatamente alguém sentou no meu assento. Eu o percebi, e depois que cantei, fui para a porta detrás do batistério. O irmão Branham estava esperando ali em sua sala, e tinha o seu livreto aberto. Ele disse: “O que você cantou é o que eu vou regar esta manhã”. O que ele pregou foi “O Desvelar de Deus”, e me mostrou suas notas. Ele usou pequenos desenhos, uma espécie de taquigrafia para se manter na trajetória.
Vou lhes contar acerca da vez em que estávamos na cafeteria Blue Boar onde vários se reuniam depois dos cultos. O irmão Branham foi até onde eu estava sentado só e me tomou pela mão. Parecia-me que sua face se tornou escura, e ele disse: “Um abismo chama a outro abismo”. Nesse momento, algo começou a mover-se através de meu braço e através do meu corpo. Senti um calor estranho e uma sensação de leveza que passou por todo o meu ser, e eu soube que foi aquele Anjo, que era Cristo. Mais tarde me dei conta de que fui curado de uma úlcera estomacal, porque não tive mais problemas com isso depois daquela ocasião. Creio que eu também fui batizado com o Espírito Santo, porque minha vida mudou.
Em outra ocasião, eu estava vivendo em Tulsa, Oklahoma, onde eu era o presidente da Escola Bíblica de Tulsa, um posto que ocupei por vários anos. Um dia recebi uma ligação telefônica e era o irmão Branham querendo orar por mim. Eu tinha o que se chama de angiodema, o qual me causava um inchaço no corpo, às vezes na ponta dos meus dedos ou nos dedos dos meus pés e nos meus lábios. Eu melhorava, porém mais tarde me voltava tudo de novo. Quando ele orou por mim dessa vez, disse me que havia duas sombras me seguindo por toda a vida, tratando de me desanimar, e disso se tratava tudo isso.
O irmão Branham não fazia nada para realmente dirigir-se a alguém, já que pertencemos debaixo da agência do livre arbítrio. Não obstante, ele evidentemente sabia que eu iria fazer viagens ao exterior, e parecia como que me preparava da sua própria maneira sem me dizer exatamente o que fazer. Além do mais, disse-me para que eu continuasse cantando, e que seguisse carregando a Arca. Somente os levitas, o ministério, podia carregar a Arca, então isso significava que eu tinha um ministério.
O irmão Branham também me disse que eu seria o pastor aqui de Memphis, Tennessee. Vários outros tem procurado começar igrejas nesta área, porém cada uma fracassou.
Ele tinha uma forma de corrigir a alguém também. Ele podia entrar e fazer florescer o seu caráter. Ele não se baseava no nome da pessoa, mas através dos olhos de Deus ele via a natureza de todos e podia reduzir aquela natureza em uma ou duas palavras. Tudo tem a ver com ser um profeta.
No domingo de Páscoa de 1965, o irmão Branham falou no Tabernáculo Branham. Billy Paul chegou ao púlpito antes que o culto começara e disse que o irmão Branham desejava ver a todos os da família Ungren em seu escritório. Bem, estávamos sentados por toda a congregação, e havia em torno de uns vinte de nós empilhados em seu escritório. Ele teve uma visão e queria compartilhá-la conosco. Nessa visão, ele viu que meu pai levava uma baixela de prata, e nela estavam escritos todos os nossos nomes e os nomes dos netos e assim por diante, escritos em pequenos cartões. Ele disse que o meu pai lhe disse: “Irmão Branham, eu os dou todos a você”.
Ele nos disse que havia tido essa visão umas duas vezes, e foi isso que ele queria nos dizer. Eu não sei se alguma vez ele tenha chamado a uma família inteira assim em algum outro momento, mas ele o fez com a nossa família. Além disso, o irmão Branham disse que as famílias dos crentes seguem por linhagens, como uma boa linhagem de cavalos ou de gados que seguem uma linhagem.
Mamãe era uma pessoa de muita fé. Papai era um homem calado que não tinha muito o que dizer, e ele entrou na Mensagem mais tarde do que mamãe. Uma vez quando estavam comendo com o irmão Branham, ele disse a papai: “Irmão Ungren, eu vi a você e a irmã Ungren caminhando no Milênio agarrados pela mão”.
Papai disse: “Ah, ela não vai me querer”. (Assim era papai; ele era simplesmente dessa maneira). Mas o irmão Branham disse: “Oh, sim, ela vai lhe querer!”.
A última vez que eu falei com o irmão Branham foi em agosto do ano de 1965. Foi uma de suas últimas reuniões em Jeffersonville, e depois do culto estávamos passeando pela Utica Pike e eu vi o seu carro de cor trigo estacionado em um mini mercado. A irmã Meda havia entrado para comprar algo. Eu estacionei e caminhei para o lado do motorista e comecei a falar com o irmão Branham. Então, de repente, eu estava do lado do passageiro, e o irmão Branham estava como se desvanecendo em seu assento, e uma obscuridade estava sobre o seu rosto. Soube então que Deus estava a ponto de me dizer algo. Uma coisa disse: “Quando o gado está mugindo, está cantando”. E me disse novamente para que continuasse cantando e carregando a Arca.
O fato é que eu não caminhei para o outro lado do carro. Foi somente depois que eu pensei: “Como foi que eu cheguei ali?” Foi só depois que isso aconteceu que eu me dei por conta de que Deus me colocou ali. Ele me queria ao lado direito do profeta. O lado esquerdo não é o lado preferido quando se trata de Deus, vocês sabem. Porém Ele me moveu para lá. Foi isso que Ele fez com Filipe, e eu creio que tudo o que aconteceu na Bíblia tem ocorrido no ministério desse profeta, de uma forma ou de outra.
Para onde quer que eu vá, as pessoas querem que eu fale acerca do irmão Branham. Eles têm a impressão de que eu era um companheiro íntimo dele. Eu não era tão íntimo, mas nossas trilhas se cruzavam frequentemente e ele sempre tinha algo que me dizer de muita importância.
O irmão Branham era um nazareno quanto a ele não fumar e não beber, e ele foi separado como nazareno. Eu vi todos os eventos de sua vida e tudo fala acerca de seu ofício e chamado. Ele tinha esses profundos olhos fixos que exploravam e olhavam para dentro de alguém. Creio que ele era uma pessoa simples, e somente falando de sua natureza, creio que ele tinha um temperamento melancólico. Creio que ele era uma pessoa muito intuitiva e muito sensitiva. Ele foi feito para ser espiritualmente sensitivo. Ele vivia o tempo todo em dois mundos, a maior parte no outro mundo, o qual é difícil de entender, porém nós o percebemos de vez em quando. Havia uma sinceridade nele que era muito impressionante. Ele não tinha que se esforçar em ser humilde, isso simplesmente era uma parte dele.
O que o fez inteiramente diferente a todos os demais foi a unção do Espírito que estava nele. As pessoas reagem emocionalmente a isso.
Às vezes alguém pensa: “Simplesmente como um homem, como um vaso, viu Deus a um homem pelo qual Ele poderia fazer isso, ou Ele preparou a um homem para o qual fazer isto?”. Provavelmente ambos estão corretos.
Fonte: Livro “Generation”, de Angela Smith.
Tradução: Diógenes Dornelles