Testemunho de Anna Jeanne Moore Price
A primeira vez que o vi foi em um domingo de tarde. Sua chegada havia sido anunciada durante o culto da manhã em nossa igreja, no Tabernáculo Vida. Meu pai, Jack Moore, que era o pastor, ouviu falar de um evangelista no estado do Arkansas que estava celebrando um avivamento muito fora do normal em algumas das igrejas, e então ele fez os preparativos para que aquele ministro desconhecido passasse por ali e pregasse em nosso culto de domingo à noite, enquanto passasse por Shreveport, Louisiana, no caminho a algumas reuniões do estado do Texas.
Lembro-me muito bem daquele domingo de tarde. Eu já era uma senhorita e estava falando no telefone. Enquanto eu olhava pela janela da sala, vi um automóvel da marca Ford do ano de 1938 que entrava para a nossa casa. Tinha uma cauda de esquilo pendurado na antena, e pensei que era um menino que tinha vindo para ver o meu irmão e assim continuei falando. Observei enquanto o condutor saiu e parou e olhava em volta; eu me perguntava se eu deveria sair para ver quem era e a quem estava procurando. Mas de repente fui capturada pela expressão de seus olhos profundos. Pareciam ter uma profundidade de intensa percepção, e por alguma razão eu senti que me brotavam as lágrimas. Eu parei em frente à janela e chorei.
Isso foi no ano de 1947, mas eu nunca havia me esquecido daquele profundo olhar, e o pensamento de que esta não era uma pessoa comum. Quão certo. Os meses e anos que estavam adiante o provariam, enquanto nossas vidas deram uma volta inesperada… tal como as vidas de outras milhares de pessoas.
Depois do culto em nossa igreja onde não havia espaço para nenhuma pessoa mais, nosso novo amigo foi convidado à nossa casa. A comida deliciosa que a minha mãe serviu talvez estivesse um pouco salgada pelas lágrimas que rolaram de nossos rostos inclinados enquanto ele orava.
Fui totalmente mudada depois daquela primeira reunião com o irmão Branham. Eu ainda estava recebendo minha educação e ia para a faculdade, e eu não podia sair de viagem como desejava, porém uma amiga íntima minha viajava para as reuniões e me ligava ou me escrevia sobre o que ela estava experimentando. Nós duas expressamos o quão insignificantes eram as coisas materiais para nós. Até sair para comprar roupa nova já não parecia ser emocionante.
Meu pai era uma pessoa muito generosa, e quando ele conheceu a William Branham foram atraídos um pelo outro. Ambos eram de caráter amável e de um espírito humilde; nenhum dos dois clamava por dinheiro ou reconhecimento.
Um motivo puro – honrar a Deus e ajudar as pessoas – foi demonstrado através do caráter desinteressado de ambos.
Enquanto outros talvez aspirassem manejar e promover um dom tão fora do normal, meu pai, convencido de que o irmão Branham deveria estar ministrando a milhares ao invés de centenas, deixou os seus negócios e a igreja, para assim poder organizar reuniões em auditórios públicos e igrejas através do sul e do noroeste dos Estados Unidos.
Milagres, curas e conversões ocorreram por todas as partes, e se via a grande necessidade de algum tipo de publicação para expandir as notícias deste movimento de Deus. Durante uma reunião no estado da Califórnia, papai voou ao estado de Oregon para retomar contato com um amigo de toda a vida, Gordon Lindsay, que não somente era um pastor mas também um escritor, para convidá-lo ao culto. Depois que ele o viu naquela noite, deixou sua igreja ao cuidado de sua esposa, Freda, e viajou com o grupo Branham, ajudando nas reuniões e também organizando campanhas no estado de Oregon e no Canadá. Ele também acumulou testemunhos de curas para publicar na revista quando começasse. Nossa intenção de começar a publicar foi fortalecida pelas habilidades literárias do irmão Lindsay, e em abril do ano de 1948, enviamos pelo correio a primeira revista de A Voz da Cura desde Shreveport, Louisiana.
Aquele primeiro número foi compilado na mesa da sala de jantar de minha mãe. A cabeceira incluía Gordon Lindsay como o editor, a mim como diretora, Jack Moore como o co-editor e William Branham como o jornalista. Tinha somente oito páginas, mas rapidamente cresceu para 12 e depois para 16. Em pouco tempo mudamos o escritório de nossa garagem para duas das lojas de papai que ele havia alugado para este propósito. Começaram a chegar avalanches de assinaturas de um dólar, até que tivemos que pedir 100 mil revistas da gráfica por mês. Os itinerários das campanhas levavam uma página e meia. As pessoas estavam recebendo salvação e cura, e Deus estava sendo glorificado.
Eu não fui treinada formalmente em jornalismo, somente estudei um curso curto, mas de muitas maneiras o trabalho era fácil porque tínhamos muito material. As pessoas enviavam os seus testemunhos e o irmão Lindsay falava com as pessoas nas reuniões, e ele tirava fotografias dos que haviam sido curados. Depois ele enviava os seus relatos pelo correio (não havia nem fax e nem correio eletrônico) e com isso trabalhava Freda e eu. Nosso trabalho foi muito gratificante.
O ministério único do irmão Branham começou um fogo de fé que se espalhou por todo o país. Pastores, evangelistas, leigos e homens de negócio saíam das reuniões com sua fé inspirada, havendo presenciado as manifestações sobrenaturais que comoviam as multidões de crentes e incrédulos. Pessoas que nunca haviam pensado muito na fé para a cura agora estavam experimentando curas e milagres em suas próprias vidas. Mas nunca houve outra pessoa com o mesmo tipo de dom que teve o irmão Branham. Era único, mais além de tudo que havíamos visto.
Naquelas primeiras campanhas, antes que começássemos a publicação, muitas vezes eu tocava o piano durante os cultos, enquanto o irmão Branham ministrava aos indivíduos na fila de oração. Ele queria escutar “Somente Crê” tocado suavemente como fundo. Desde o piano, eu estava suficiente perto para ver algumas coisas que a audiência talvez não pôde ver, como por exemplo, a expressão de surpresa de uma mulher quando ele disse a ela o nome do seu médico e citava o que o médico lhe havia dito na semana anterior, e o assombro de um homem enquanto ele se dava conta de que os olhos penetrantes estavam vendo sua vida secreta, e o seu alívio quando o microfone foi tapado pela mão do irmão Branham, enquanto lhe falava e orava por ele.
Eu também vi vários rostos muito pasmados desde o assento no piano. Em Dallas, Texas, na igreja que o irmão W. V. Grant tinha naquele tempo, meu pai e eu estávamos na plataforma durante a fila de oração quando uma mulher passou e o irmão Branham notou que a fé dela estava fraca. Ele animava as pessoas para que cressem, porque o Mensageiro lhe havia dito: “Se conseguir que as pessoas creiam em ti, nada impedirá essa oração”. O irmão Branham lhe disse: “Irmã, se eu lhe disser o seu nome você crerá que o Senhor está comigo?”. Então ele disse: “Sim… sim, você é a Srª ‘Robusta’.”
Ela disse: “Não, não!”.
Ele disse: “Não, seu nome é a Srª ‘Forte’.”
Ela disse: “Sim”. Então ele explicou que às vezes suas visões eram simbólicas, e ele havia visto um braço grande e musculoso, e por isso essas duas palavras podem representar isso. Recordo quão aliviada me senti, porque nunca eu tinha visto ninguém lhe dizer: “Não” na fila de oração. Eu estava muito aliviada, e parecia que todos se sentiam o mesmo.
Claro, isso lhes provou a todos os críticos que estavam presentes que ele não estava recebendo informação através de fones de ouvido do outro lado do prédio, onde alguém tivesse os seus nomes escritos. Isso sim chegou a ocorrer várias vezes em outros ministérios parecidos. Foi tão gentil de sua parte haver explicado a natureza das visões que ele estava vendo na plataforma.
Papai Jack nos disse que algumas vezes, em outros países, ele lhe dizia para a pessoa em que rua ela morava para ajudá-los a crer. Se o nome da rua era em outro idioma e o irmão Branham não soubesse pronunciá-lo, ele o soletrava. Nunca esteve errado.
Muitas vezes me foi perguntado qual foi o milagre mais notável que eu me recordo, e eu sempre me refiro ao deputado Upshaw.
Eu pessoalmente nunca havia escutado o Doutor William Upshaw, mas ele era bem conhecido como um ministro dos batistas do sul, vice-presidente da Convenção dos Batistas do Sul, e o “congressista aleijado” do estado da Georgia. Um acidente em sua adolescência que feriu sua coluna vertebral lhe confinou a muletas e a uma cadeira de rodas pelo resto de sua vida.
No ano de 1951, com a idade de 85 anos, ele e sua esposa assistiram uma campanha Branham na igreja do pastor Leroy Kopp em Los Angeles, Califórnia, e ele foi curado milagrosamente. Desde aquele momento em diante, o casal idoso viajou pela Europa e pelos Estados Unidos, dando o testemunho de seu milagre. Até no Congresso ele podia ficar de pé em frente a homens com os quais ele somente pôde sentar ao seu lado por doze anos, louvando a Deus por um milagre que ninguém podia negar.
E faço menção disto porque o deputado também desempenhou um papel especial em minha vida!
Quando eu tinha 24 anos, eu já havia sido a editora assistente de A Voz da Cura por quatro anos. Eu havia conhecido Don Price, um maravilhoso jovem evangelista, quase ao mesmo tempo em que começou a revista, e ele me disse que na primeira vez que me viu o Senhor lhe disse: “É ela”. Porém eu não estava de acordo com isso. Eu me sentia tão envolvida neste ministério importante e, para mim, não havia muito tempo para pensar em coisas pessoais. Mas ele sabia que o Senhor lhe havia dito que eu era dele, e ele esperou por mais de três anos.
Uma noite eu sonhei que eu estava em uma reunião onde o irmão Branham deu a volta, me chamou e me disse várias palavras. Estranhamente, eu nunca pude me lembrar exatamente o que ele me disse, mas o efeito de suas palavras me fez ligar para o Canadá, onde Don estava pregando naquele tempo, e lhe disse: “Sim, eu me casarei com você”. Isso definitivamente colocou o irmão Branham como uma pessoa de muita influência em minha vida.
Don já possuía um itinerário para mais adiante de nove meses para estar pregando na Europa, e decidimos nos casar durante a Conferência Pentecostal Mundial em Londres, a qual ambos tínhamos planos de frequentar. Portanto, quando eu cheguei lá em junho do ano de 1952 com os meus pais, Don nos recebeu com as notícias de que já tinha a licença de matrimônio, porém a lei de lá requeria que esperássemos três semanas antes de casarmos. Só podíamos ficar lá por duas semanas.
Haviam dito a Don que ele teria que apelar ao arcebispo de Canterbury para uma licença especial, e ele o fez, porém mesmo assim nossa licença especial somente poderia ser usada em uma igreja estatal. Não conhecíamos ninguém da igreja estatal da Inglaterra, porém um dos secretários nos recomendou que falássemos com o Reitor da Capela de Santa Margaret, que está localizada na histórica Abadia de Westminster de Londres. Don explicou para ele nossa situação, e o reitor Wilcox, que havia servido de capelão na guerra e que desejava fazer “algo bom para alguns americanos” nos fez o favor desejado.
Então Don e eu nos casamos na Abadia de Westminster. Meu papai serviu como padrinho e mamãe como minha única assistente. O irmão Upshaw voluntariamente caminhou comigo até o altar para apresentar a noiva ao noivo. Ali ocorreu um milagre naquele dia enquanto aquele cavalheiro ancião, ereto e firme, me ofereceu seu braço e me escoltou pelo corredor. Depois ele nos surpreendeu, como também aos convidados e o público, quando ele deu a volta e se despediu para passar a praça pública e dar o seu testemunho! Ele passou o resto de seus 89 anos viajando e relatando o seu milagre, inspirando a fé nas promessas de Deus e também no ministério de cura sem igual do irmão Branham.
No ano de 1964, o irmão Branham disse para mim e papai em uma conversa privada que ele havia tido uma visão dele mesmo e de meu marido ministrando juntos muito acima da face da terra. E no outubro do ano de 1966, os dois haviam sido chamados ao Lar.
A Revista A Voz da Cura tinha sido publicada desde abril do ano de 1948, e no ano de 1970 o nome na cabeceira foi mudado para Cristo Para as Nações. Já para esse tempo, o ministério visível e terrenal do irmão Branham havia terminado e o irmão Gordon Lindsay sentiu a necessidade de começar uma universidade bíblica para providenciar treinamento para a tarefa de expandir a verdade do Evangelho por todo o mundo. Quase 30 mil estudantes têm frequentado o Instituto de Cristo Para as Nações.
Eu verdadeiramente estou muito contente de que a minha vida estivesse envolvida desde o ano de 1948 nesta grande obra. Não consegui terminar meus estudos, porém tenho obtido experiências que tem mudado minha vida e que talvez possam igualar uma licenciatura.
Os músicos de Deus nunca morrem,
Simplesmente cessamos de tocar sem dizer adeus,
Para então com a música em tom superior do Céu o espaço poder encher
E então por fim, nossa licenciatura especializada poder alcançar.
A Deus seja a glória.
Fonte: Livro “Generation”, de Angela Smith