Fé x Razão


“Não acredite em tudo aquilo que te disseres como sendo verdadeiro, pois da tua dúvida, auxiliado por tua reflexão, obterás a verdade verdadeira” (Sócrates)

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“Em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá e ele há de passar; e nada vos será impossível” (Jesus Cristo)

Note você, que as supracitadas declarações, a exemplo de seus respectivos autores, são bastante conhecidas e igualmente antagônicas. A primeira, aponta a Razão, a segunda para a . Logo, não havendo entre elas, algo de comum, salvo o que de comum existe entre a luz e as trevas, o certo e o errado, o efêmero e o eterno, o santo e o profano, o crente e o incrédulo.

Aurélio Buarque, em seu dicionário, define a Razão, como sendo a faculdade de avaliar, julgar, ponderar, ideias universais. Já Paulo, em sua carta aos Hebreus, escreveu, segundo suas próprias palavras: “Ora a Fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem.”

De um lado, posiciona-se, portanto, o cristão e no extremo exatamente oposto, o incrédulo. Este arvora o “limitado” pavilhão da Razão. Aquele, o “infalível” estandarte da . Ambos se chocam frontalmente pela antítese de suas respectivas convicções e o grande abismo de suas contradições mantém-nos definitivamente segregados.

O mesmo não suceda entre mim e ti, caro leitor. Antes, sejamos parceiros e juntos alcemos voo, na odisseica busca da verdade plena. Tudo fazendo de forma imparcial, lançando mão de um mesmo peso e uma mesma medida, através dos ázimos da sinceridade, refutando o etnocentrismo, de maneira tal, que ao final, estabeleçamos um verdadeiro e fidedigno juízo de valor.

Qual seja, aquele que nos capacite a separar definitivamente antídoto, de veneno. Permitindo-nos discernir entre o verdadeiro e o falso. Assim, impedindo-nos de vestir com roupagem de opróbrio e ignomínia, o honroso, ou ainda de ornar com as límpidas e imaculadas vestimentas da verdade, o produto oriundo de lábios pérfidos e igualmente enganosos.

Destarte, “entremos juntos em juízo” (Isaías 43:26). Antes, porém, permita-me recorrer a uma oportuna reminiscência, dita por um sábio chinês:

“Costumamos ver as coisas como somos e não como elas são”

Com efeito, tal afirmação tende a desencorajar a argumentação e consequentemente pôr fim a toda e qualquer discussão. Digo isto, dada às nossas múltiplas e peculiares diferenças, em função das quais, tendemos naturalmente a vislumbrar “aquilo” que a “limitada” porta do nosso intelecto nos permite fazê-lo. E que diga-se de passagem, raramente é a exata expressão da verdade.

Falo isto, não de mim mesmo, mas devidamente escudado pela tão conhecida Teoria da Relatividade, a qual promovera o famoso Albert Einstein a patrono da Física Moderna. Segundo ela, nossa percepção da realidade é relativa. Logo, repudia qualquer verdade ou valor absoluto. Sendo válido, portanto, todo ponto de vista.

Frente ao exposto, seria tendencioso afirmar que diferentes pessoas terão sempre diferentes concepções a respeito de uma mesma realidade? Sob esta perspectiva, de que valerá a Razão? Ou melhor, quem valer-se-á dela, senão incrédulos e agnósticos?

Com razão, Paulo escreveu: “Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso”. De que adianta aos agnósticos, adeptos do antropocentrismo, toda uma vida de polêmicas indagações para, ao final, serem forçados a reconhecer e declarar: “Eu só sei que nada sei”?

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucuras; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido”.

Com que então estaria a verdade?

Escrito está: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém vem ao pai senão por mim”. “O justo viverá da e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.”

E do resto concluo: “Sem Fé é impossível agradar a Deus”

Por: Irmão Rosaldo – PORTO VELHO-RO 20/10/2007

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