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João
1. No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2. Ele estava no princípio com Deus.
3. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4. Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens;
5. e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
7. Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
8. Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz.
9. Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo,
10. estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu.
11. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome,
13. os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
14. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
15. João testificou dele e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: o que vem depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
16. E todos nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre graça.
17. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer.
19. E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
20. E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.
21. E perguntaram-lhe: Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não.
22. Disseram-lhe, pois: Quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?
23. Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
24. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus,
25. e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
26. João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a quem vós não conheceis.
27. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias.
28. Essas coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
29. No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30. Este é aquele do qual eu disse: após mim vem um homem que foi antes de mim, porque já era primeiro do que eu.
31. E eu não o conhecia, mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água.
32. E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre ele.
33. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.
34. E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus.
35. No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos.
36. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.
37. E os dois discípulos ouviram-no dizer isso e seguiram a Jesus.
38. E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi ( que, traduzido, quer dizer Mestre ), onde moras?
39. Ele lhes disse: Vinde e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima.
40. Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João e o haviam seguido.
41. Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias ( que, traduzido, é o Cristo ).
42. E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas ( que quer dizer Pedro ).
43. No dia seguinte, quis Jesus ir à Galiléia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.
44. E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45. Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
46. Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê.
47. Jesus viu Natanael vir ter com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
48. Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu estando tu debaixo da figueira.
49. Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.
50. Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.
51. E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que, daqui em diante, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem.
1. E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus.
2. E foram também convidados Jesus e os seus discípulos para as bodas.
3. E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho.
4. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
5. Sua mãe disse aos empregados: Fazei tudo quanto ele vos disser.
6. E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas.
7. Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima.
8. E disse-lhes: Tirai agora e levai ao mestre-sala. E levaram.
9. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho ( não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água ), chamou o mestre-sala ao esposo.
10. E disse-lhe: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
11. Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
12. Depois disso, desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos, e ficaram ali não muitos dias.
13. E estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
14. E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.
15. E, tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, bem como os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas,
16. e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes e não façais da casa de meu Pai casa de vendas.
17. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.
18. Responderam, pois, os judeus e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isso?
19. Jesus respondeu e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei.
20. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos, foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias?
21. Mas ele falava do templo do seu corpo.
22. Quando, pois, ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isso; e creram na Escritura e na palavra que Jesus tinha dito.
23. E, estando ele em Jerusalém pela Páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
24. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia
25. e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.
1. E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
2. Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
3. Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.
4. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?
5. Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.
6. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
7. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
8. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
9. Nicodemos respondeu e disse-lhe: Como pode ser isso?
10. Jesus respondeu e disse-lhe: Tu és mestre de Israel e não sabes isso?
11. Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho.
12. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?
13. Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu.
14. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado,
15. para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
16. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
17. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
20. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.
21. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
22. Depois disso, foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles e batizava.
23. Ora, João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e vinham ali e eram batizados.
24. Porque ainda João não tinha sido lançado na prisão.
25. Houve, então, uma questão entre os discípulos de João e um judeu, acerca da purificação.
26. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele.
27. João respondeu e disse: O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu.
28. Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.
29. Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já essa minha alegria está cumprida.
30. É necessário que ele cresça e que eu diminua.
31. Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.
32. E aquilo que ele viu e ouviu, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho.
33. Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro.
34. Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois não lhe dá Deus o Espírito por medida.
35. O Pai ama o Filho e todas as coisas entregou nas suas mãos.
36. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.
1. E, quando o Senhor veio a saber que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João
2. ( ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos ),
3. deixou a Judéia e foi outra vez para a Galiléia.
4. E era-lhe necessário passar por Samaria.
5. Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.
6. E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isso quase à hora sexta.
7. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.
8. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.
9. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana ( porque os judeus não se comunicam com os samaritanos )?
10. Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.
11. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?
12. És tu maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?
13. Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede,
14. mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna.
15. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la.
16. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá.
17. A mulher respondeu e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido,
18. porque tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade.
19. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
20. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.
21. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
23. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
24. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
25. A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias ( que se chama o Cristo ) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.
26. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.
27. E nisso vieram os seus discípulos e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?
28. Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:
29. Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo?
30. Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele.
31. E, entretanto, os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come.
32. Porém ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.
33. Então, os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém de comer?
34. Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.
35. Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.
36. E o que ceifa recebe galardão e ajunta fruto para a vida eterna, para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem.
37. Porque nisso é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia, e outro, o que ceifa.
38. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.
39. E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito.
40. Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias.
41. E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra.
42. E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.
43. E, dois dias depois, partiu dali e foi para a Galiléia.
44. Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria.
45. Chegando, pois, à Galiléia, os galileus o receberam, porque viram todas as coisas que fizera em Jerusalém no dia da festa; porque também eles tinham ido à festa.
46. Segunda vez foi Jesus a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. E havia ali um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.
47. Ouvindo este que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte.
48. Então, Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.
49. Disse-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra.
50. Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se.
51. E, descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus servos e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive.
52. Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor; e disseram-lhe: Ontem, às sete horas, a febre o deixou.
53. Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa.
54. Jesus fez este segundo milagre quando ia da Judéia para a Galiléia.
1. Depois disso, havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
2. Ora, em Jerusalém há, próximo à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.
3. Nestes jazia grande multidão de enfermos: cegos, coxos e paralíticos, esperando o movimento das águas.
4. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.
5. E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.
6. E Jesus, vendo este deitado e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?
7. O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
8. Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma tua cama e anda.
9. Logo, aquele homem ficou são, e tomou a sua cama, e partiu. E aquele dia era sábado.
10. Então, os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar a cama.
11. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma a tua cama e anda.
12. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma a tua cama e anda?
13. E o que fora curado não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão.
14. Depois, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior.
15. E aquele homem foi e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara.
16. E, por essa causa, os judeus perseguiram Jesus e procuravam matá-lo, porque fazia essas coisas no sábado.
17. E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.
18. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.
19. Mas Jesus respondeu e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai, porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.
20. Porque o Pai ama ao Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis.
21. Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.
22. E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo,
23. para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai, que o enviou.
24. Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.
25. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
26. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo.
27. E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.
28. Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.
29. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.
30. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou.
31. Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.
32. Há outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
33. Vós mandastes a João, e ele deu testemunho da verdade.
34. Eu, porém, não recebo testemunho de homem, mas digo isso, para que vos salveis.
35. Ele era a candeia que ardia e alumiava; e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.
36. Mas eu tenho maior testemunho do que o de João, porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço testificam de mim, de que o Pai me enviou.
37. E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer;
38. e a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós.
39. Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.
40. E não quereis vir a mim para terdes vida.
41. Eu não recebo glória dos homens,
42. mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.
43. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.
44. Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?
45. Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.
46. Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim, porque de mim escreveu ele.
47. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?
1. Depois disso, partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, que é o de Tiberíades.
2. E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
3. E Jesus subiu ao monte e assentou-se ali com os seus discípulos.
4. E a Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
5. Então, Jesus, levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?
6. Mas dizia isso para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.
7. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.
8. E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:
9. Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isso para tantos?
10. E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.
11. E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos, pelos que estavam assentados; e igualmente também os peixes, quanto eles queriam.
12. E, quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
13. Recolheram-nos, pois, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
14. Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo.
15. Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte.
16. E, quando veio a tarde, os seus discípulos desceram para o mar.
17. E, entrando no barco, passaram o mar em direção a Cafarnaum; e era já escuro, e ainda Jesus não tinha chegado perto deles.
18. E o mar se levantou, porque um grande vento assoprava.
19. E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco, e temeram.
20. Porém ele lhes disse: Sou eu; não temais.
21. Então, eles, de boa mente, o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam.
22. No dia seguinte, a multidão que estava do outro lado do mar, vendo que não havia ali mais do que um barquinho e que Jesus não entrara com seus discípulos naquele barquinho, mas que os seus discípulos tinham ido sós
23. ( contudo, outros barquinhos tinham chegado de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças );
24. vendo, pois, a multidão que Jesus não estava ali, nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus.
25. E, achando-o no outro lado do mar, disseram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?
26. Jesus respondeu e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes.
27. Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará, porque a este o Pai, Deus, o selou.
28. Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus?
29. Jesus respondeu e disse-lhes: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou.
30. Disseram-lhe, pois: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos, e creiamos em ti? Que operas tu?
31. Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu.
32. Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.
33. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
34. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
35. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede.
36. Mas já vos disse que também vós me vistes e, contudo, não credes.
37. Tudo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
38. Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
39. E a vontade do Pai, que me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último Dia.
40. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último Dia.
41. Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.
42. E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?
43. Respondeu, pois, Jesus e disse-lhes: Não murmureis entre vós.
44. Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último Dia.
45. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
46. Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai.
47. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.
48. Eu sou o pão da vida.
49. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
50. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
51. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
52. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?
53. Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
54. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último Dia.
55. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
56. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu, nele.
57. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por mim.
58. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
59. Ele disse essas coisas na sinagoga, ensinando em Cafarnaum.
60. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isso, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
61. Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam a respeito disso, disse-lhes: Isto vos escandaliza?
62. Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do Homem para onde primeiro estava?
63. O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.
64. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam e quem era o que o havia de entregar.
65. E dizia: Por isso, eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido.
66. Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele.
67. Então, disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
68. Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna,
69. e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus.
70. Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo.
71. E isso dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão, porque este o havia de entregar, sendo um dos doze.
1. E, depois disso, Jesus andava pela Galiléia e já não queria andar pela Judéia, pois os judeus procuravam matá-lo.
2. E estava próxima a festa dos judeus chamada de Festa dos Tabernáculos.
3. Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.
4. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo.
5. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.
6. Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto.
7. O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más.
8. Subi vós a esta festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido.
9. E, havendo-lhes dito isso, ficou na Galiléia.
10. Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então, subiu ele também não manifestamente, mas como em oculto.
11. Ora, os judeus procuravam-no na festa e diziam: Onde está ele?
12. E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não; antes, engana o povo.
13. Todavia, ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus.
14. Mas, no meio da festa, subiu Jesus ao templo e ensinava.
15. E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?
16. Jesus respondeu e disse-lhes: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
17. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo.
18. Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória, mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.
19. Não vos deu Moisés a lei? E nenhum de vós observa a lei. Por que procurais matar-me?
20. A multidão respondeu e disse: Tens demônio; quem procura matar-te?
21. Respondeu Jesus e disse-lhes: Fiz uma obra, e todos vos maravilhais.
22. Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão ( não que fosse de Moisés, mas dos pais ), no sábado circuncidais um homem.
23. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque, no sábado, curei de todo um homem?
24. Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.
25. Então, alguns dos de Jerusalém diziam: Não é este o que procuram matar?
26. E ei-lo aí está falando abertamente, e nada lhe dizem. Porventura, sabem, verdadeiramente, os príncipes, que este é o Cristo?
27. Todavia, bem sabemos de onde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é.
28. Clamava, pois, Jesus no templo, ensinando e dizendo: Vós me conheceis e sabeis de onde sou; e eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis.
29. Mas eu conheço-o, porque dele sou, e ele me enviou.
30. Procuravam, pois, prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele, porque ainda não era chegada a sua hora.
31. E muitos da multidão creram nele e diziam: Quando o Cristo vier, fará ainda mais sinais do que os que este tem feito?
32. Os fariseus ouviram que a multidão murmurava dele essas coisas; e os fariseus e os principais dos sacerdotes mandaram servidores para o prenderem.
33. Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda um pouco de tempo estou convosco e, depois, vou para aquele que me enviou.
34. Vós me buscareis e não me achareis; e aonde eu estou vós não podeis vir.
35. Disseram, pois, os judeus uns para os outros: Para onde irá este, que o não acharemos? Irá, porventura, para os dispersos entre os gregos e ensinará os gregos?
36. Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis e não me achareis; e: Aonde eu estou, vós não podeis ir?
37. E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba.
38. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.
39. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.
40. Então, muitos da multidão, ouvindo essa palavra, diziam: Verdadeiramente, este é o Profeta.
41. Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?
42. Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi e de Belém, da aldeia de onde era Davi?
43. Assim, entre o povo havia dissensão por causa dele.
44. E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele.
45. E os servidores foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus; e eles lhes perguntaram: Por que o não trouxestes?
46. Responderam os servidores: Nunca homem algum falou assim como este homem.
47. Responderam-lhes, pois, os fariseus: Também vós fostes enganados?
48. Creu nele, porventura, algum dos principais ou dos fariseus?
49. Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita.
50. Nicodemos, que era um deles ( o que de noite fora ter com Jesus ), disse-lhes:
51. Porventura, condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?
52. Responderam eles e disseram-lhe: És tu também da Galiléia? Examina e verás que da Galiléia nenhum profeta surgiu.
53. E cada um foi para sua casa.
1. Porém Jesus foi para o monte das Oliveiras.
2. E, pela manhã cedo, voltou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava.
3. E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério.
4. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando,
5. e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
6. Isso diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
7. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
8. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
9. Quando ouviram isso, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio.
10. E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
11. E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais.
12. Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
13. Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.
14. Respondeu Jesus e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim e para onde vou; mas vós não sabeis de onde vim, nem para onde vou.
15. Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo.
16. E, se, na verdade, julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai, que me enviou.
17. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro.
18. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou.
19. Disseram-lhe, pois: Onde está teu Pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.
20. Essas palavras disse Jesus no lugar do tesouro, ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora.
21. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou não podeis vós ir.
22. Diziam, pois, os judeus: Porventura, quererá matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou não podeis vós ir?
23. E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.
24. Por isso, vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
25. Disseram-lhe, pois: Quem és tu? Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse.
26. Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo.
27. Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai.
28. Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, conhecereis quem eu sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.
29. E aquele que me enviou está comigo; o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.
30. Dizendo ele essas coisas, muitos creram nele.
31. Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos
32. e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
33. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
34. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.
35. Ora, o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre.
36. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.
37. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós.
38. Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.
39. Responderam e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.
40. Mas, agora, procurais matar-me a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isso.
41. Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.
42. Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente, me amaríeis, pois que eu saí e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
43. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra.
44. Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.
45. Mas porque vos digo a verdade, não me credes.
46. Quem dentre vós me convence de pecado? E, se vos digo a verdade, por que não credes?
47. Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso, vós não as escutais, porque não sois de Deus.
48. Responderam, pois, os judeus e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano e que tens demônio?
49. Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; antes, honro a meu Pai, e vós me desonrais.
50. Eu não busco a minha glória; há quem a busque e julgue.
51. Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
52. Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora, conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte.
53. És tu maior do que Abraão, o nosso pai, que morreu? E também os profetas morreram; quem te fazes tu ser?
54. Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus.
55. E vós não o conheceis, mas eu conheço-o; e, se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.
56. Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.
57. Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?
58. Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou.
59. Então, pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.
1. E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
2. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
3. Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
4. Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
5. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
6. Tendo dito isso, cuspiu na terra, e, com a saliva, fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
7. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé ( que significa o Enviado ). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.
8. Então, os vizinhos e aqueles que dantes tinham visto que era cego diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?
9. Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
10. Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
11. Ele respondeu e disse-lhes: O homem chamado Jesus fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te. Então, fui, e lavei-me, e vi.
12. Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
13. Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.
14. E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
15. Tornaram, pois, também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo.
16. Então, alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
17. Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.
18. Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via.
19. E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
20. Seus pais responderam e disseram-lhes: Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego,
21. mas como agora vê não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos não sabemos; tem idade; perguntai-lho a ele mesmo, e ele falará por si mesmo.
22. Seus pais disseram isso, porque temiam os judeus, porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
23. Por isso, é que seus pais disseram: Tem idade; perguntai-lho a ele mesmo.
24. Chamaram, pois, pela segunda vez o homem que tinha sido cego e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.
25. Respondeu ele, pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo.
26. E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os olhos?
27. Respondeu-lhes: Já vo-lo disse e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós, porventura, fazer-vos também seus discípulos?
28. Então, o injuriaram e disseram: Discípulo dele sejas tu; nós, porém, somos discípulos de Moisés.
29. Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é.
30. O homem respondeu e disse-lhes: Nisto, pois, está a maravilha: que vós não saibais de onde ele é e me abrisse os olhos.
31. Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse ouve.
32. Desde o princípio do mundo, nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
33. Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.
34. Responderam eles e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.
35. Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?
36. Ele respondeu e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?
37. E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.
38. Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.
39. E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam e os que vêem sejam cegos.
40. Aqueles dos fariseus que estavam com ele, ouvindo isso, disseram-lhe: Também nós somos cegos?
41. Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos, por isso, o vosso pecado permanece.
1. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.
2. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
3. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora.
4. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.
5. Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
6. Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.
7. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.
8. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram.
9. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.
10. O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.
11. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
12. Mas o mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.
13. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas.
14. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
15. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas.
16. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.
17. Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.
18. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Esse mandamento recebi de meu Pai.
19. Tornou, pois, a haver divisão entre os judeus por causa dessas palavras.
20. E muitos deles diziam: Tem demônio e está fora de si; por que o ouvis?
21. Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado; pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?
22. E em Jerusalém havia a Festa da Dedicação, e era inverno.
23. E Jesus passeava no templo, no alpendre de Salomão.
24. Rodearam-no, pois, os judeus e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.
25. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas testificam de mim.
26. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito.
27. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;
28. e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos.
29. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai.
30. Eu e o Pai somos um.
31. Os judeus pegaram, então, outra vez, em pedras para o apedrejarem.
32. Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual dessas obras me apedrejais?
33. Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.
34. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?
35. Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida ( e a Escritura não pode ser anulada ),
36. àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?
37. Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.
38. Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras, para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim, e eu, nele.
39. Procuravam, pois, prendê-lo outra vez, mas ele escapou de suas mãos,
40. e retirou-se outra vez para além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente batizado, e ali ficou.
41. E muitos iam ter com ele e diziam: Na verdade, João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade.
42. E muitos ali creram nele.
1. Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.
2. E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com ungüento e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo.
3. Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.
4. E Jesus, ouvindo isso, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
5. Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
6. Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.
7. Depois disso, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia.
8. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?
9. Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo.
10. Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.
11. Assim falou e, depois, disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.
12. Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo.
13. Mas Jesus dizia isso da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono.
14. Então, Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto,
15. e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis. Mas vamos ter com ele.
16. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.
17. Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura.
18. ( Ora, Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios. )
19. E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão.
20. Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em casa.
21. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
22. Mas também, agora, sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
23. Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.
24. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último Dia.
25. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
26. e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso?
27. Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
28. E, dito isso, partiu e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está aqui e chama-te.
29. Ela, ouvindo isso, levantou-se logo e foi ter com ele.
30. ( Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara. )
31. Vendo, pois, os judeus que estavam com ela em casa e a consolavam que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali.
32. Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
33. Jesus, pois, quando a viu chorar e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito e perturbou-se.
34. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem e vê.
35. Jesus chorou.
36. Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava.
37. E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?
38. Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, foi ao sepulcro; e era uma caverna e tinha uma pedra posta sobre ela.
39. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias.
40. Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?
41. Tiraram, pois, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.
42. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isso por causa da multidão que está ao redor, para que creiam que tu me enviaste.
43. E, tendo dito isso, clamou com grande voz: Lázaro, vem para fora.
44. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.
45. Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria e que tinham visto o que Jesus fizera creram nele.
46. Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
47. Depois, os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais.
48. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
49. E Caifás, um deles, que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis,
50. nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo e que não pereça toda a nação.
51. Ora, ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação.
52. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.
53. Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem.
54. Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali andava com os seus discípulos.
55. E estava próxima a Páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da Páscoa, para se purificarem.
56. Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa?
57. Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem.
1. Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos.
2. Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.
3. Então, Maria, tomando uma libra de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento.
4. Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse:
5. Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros, e não se deu aos pobres?
6. Ora, ele disse isso não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.
7. Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto.
8. Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.
9. E muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos.
10. E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro,
11. porque muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus.
12. No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão que viera à festa que Jesus vinha a Jerusalém,
13. tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor!
14. E achou Jesus um jumentinho e assentou-se sobre ele, como está escrito:
15. Não temas, ó filha de Sião! Eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma jumenta.
16. Os seus discípulos, porém, não entenderam isso no princípio; mas, quando Jesus foi glorificado, então, se lembraram de que isso estava escrito dele e que isso lhe fizeram.
17. A multidão, pois, que estava com ele quando Lázaro foi chamado da sepultura testificava que ele o ressuscitara dos mortos.
18. Pelo que a multidão lhe saiu ao encontro, porque tinham ouvido que ele fizera este sinal.
19. Disseram, pois, os fariseus entre si: Vedes que nada aproveitais? Eis que todos vão após ele.
20. Ora, havia alguns gregos entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.
21. Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
22. Filipe foi dizê-lo a André, e, então, André e Filipe o disseram a Jesus.
23. E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado.
24. Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto.
25. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem, neste mundo, aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
26. Se alguém me serve, siga-me; e, onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.
27. Agora, a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isso vim a esta hora.
28. Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei.
29. Ora, a multidão que ali estava e que a tinha ouvido dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou.
30. Respondeu Jesus e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.
31. Agora, é o juízo deste mundo; agora, será expulso o príncipe deste mundo.
32. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
33. E dizia isso significando de que morte havia de morrer.
34. Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre, e como dizes tu que convém que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem?
35. Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo; andai enquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem, pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
36. Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Essas coisas disse Jesus; e, retirando-se, escondeu-se deles.
37. E, ainda que tivesse feito tantos sinais diante deles, não criam nele,
38. para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
39. Por isso, não podiam crer, pelo que Isaías disse outra vez:
40. Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, e se convertam, e eu os cure.
41. Isaías disse isso quando viu a sua glória e falou dele.
42. Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga.
43. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
44. E Jesus clamou e disse: Quem crê em mim crê não em mim, mas naquele que me enviou.
45. E quem me vê a mim vê aquele que me enviou.
46. Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
47. E, se alguém ouvir as minhas palavras e não crer, eu não o julgo, porque eu vim não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
48. Quem me rejeitar a mim e não receber as minhas palavras já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último Dia.
49. Porque eu não tenho falado de mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.
50. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.
1. Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
2. E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse,
3. Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus,
4. levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.
5. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
6. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?
7. Respondeu Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.
8. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.
9. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
10. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
11. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso, disse: Nem todos estais limpos.
12. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
13. Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou.
14. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.
15. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
16. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.
17. Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.
18. Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar.
19. Desde agora, vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou.
20. Na verdade, na verdade vos digo que se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim recebe aquele que me enviou.
21. Tendo Jesus dito isso, turbou-se em espírito e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair.
22. Então, os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem de quem ele falava.
23. Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus.
24. Então, Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava.
25. E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?
26. Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão.
27. E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.
28. E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isso,
29. porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa ou que desse alguma coisa aos pobres.
30. E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.
31. Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora, é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado nele.
32. Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e logo o há de glorificar.
33. Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, e, como tinha dito aos judeus: para onde eu vou não podeis vós ir, eu vo-lo digo também agora.
34. Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.
35. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
36. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus lhe respondeu: Para onde eu vou não podes, agora, seguir-me, mas, depois, me seguirás.
37. Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.
38. Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo que não cantará o galo, enquanto me não tiveres negado três vezes.
1. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar.
3. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também.
4. Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho.
5. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais e como podemos saber o caminho?
6. Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.
7. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis e o tendes visto.
8. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.
9. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
10. Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.
11. Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.
12. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.
13. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
14. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.
15. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
16. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,
17. o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.
18. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
19. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.
20. Naquele dia, conhecereis que estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.
21. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.
22. Disse-lhe Judas ( não o Iscariotes ): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós e não ao mundo?
23. Jesus respondeu e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.
24. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.
25. Tenho-vos dito isso, estando convosco.
26. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.
27. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
28. Ouvistes o que eu vos disse: vou e venho para vós. Se me amásseis, certamente, exultaríeis por ter dito: vou para o Pai, porque o Pai é maior do que eu.
29. Eu vo-lo disse, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.
30. Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo e nada tem em mim.
31. Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.
1. Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2. Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
3. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4. Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
5. Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer.
6. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
7. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
8. Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
9. Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.
10. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.
11. Tenho-vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa.
12. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
13. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
14. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
15. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.
16. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda.
17. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
18. Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim.
19. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece.
20. Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa.
21. Mas tudo isso vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.
22. Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas, agora, não têm desculpa do seu pecado.
23. Aquele que me aborrece aborrece também a meu Pai.
24. Se eu, entre eles, não fizesse tais obras, quais nenhum outro têm feito, não teriam pecado; mas, agora, viram-nas e me aborreceram a mim e a meu Pai.
25. Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Aborreceram-me sem causa.
26. Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim.
27. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.
1. Tenho-vos dito essas coisas para que vos não escandalizeis.
2. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.
3. E isso vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.
4. Mas tenho-vos dito isso, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito; e eu não vos disse isso desde o princípio, porque estava convosco.
5. E, agora, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
6. Antes, porque isso vos tenho dito, o vosso coração se encheu de tristeza.
7. Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
8. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:
9. do pecado, porque não crêem em mim;
10. da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11. e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
12. Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
13. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
14. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.
15. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso, vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.
16. Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis, porquanto vou para o Pai.
17. Então, alguns dos seus discípulos disseram uns para os outros: Que é isto que nos diz: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai?
18. Diziam, pois: Que quer dizer isto: um pouco? Não sabemos o que diz.
19. Conheceu, pois, Jesus que o queriam interrogar e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis?
20. Na verdade, na verdade vos digo que vós chorastes e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá em alegria.
21. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já se não lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.
22. Assim também vós, agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria, ninguém vo-la tirará.
23. E, naquele dia, nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.
24. Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria se cumpra.
25. Disse-vos isso por parábolas; chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.
26. Naquele dia, pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai,
27. pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes e crestes que saí de Deus.
28. Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai.
29. Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que, agora, falas abertamente e não dizes parábola alguma.
30. Agora, conhecemos que sabes tudo e não precisas de que alguém te interrogue. Por isso, cremos que saíste de Deus.
31. Respondeu-lhes Jesus: Credes, agora?
32. Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo.
33. Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
1. Jesus falou essas coisas e, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti,
2. assim como lhe deste poder sobre toda carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.
3. E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
4. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.
5. E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.
6. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra.
7. Agora, já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti,
8. porque lhes dei as palavras que me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste.
9. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.
10. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado.
11. E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.
12. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.
13. Mas, agora, vou para ti e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.
14. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
15. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
16. Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
17. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
18. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
19. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.
20. Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim;
21. para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
22. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.
23. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim.
24. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me hás amado antes da criação do mundo.
25. Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim.
26. E eu lhes fiz conhecer o teu nome e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.
1. Tendo Jesus dito isso, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou com os seus discípulos.
2. E Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discípulos.
3. Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes, e armas.
4. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e disse-lhes: A quem buscais?
5. Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava também com eles.
6. Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra.
7. Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus, o Nazareno.
8. Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois me buscais a mim, deixai ir estes,
9. para se cumprir a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi.
10. Então, Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.
11. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?
12. Então, a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Jesus, e o manietaram,
13. e conduziram-no primeiramente a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano.
14. Ora, Caifás era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo.
15. E Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. E este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus na sala do sumo sacerdote.
16. E Pedro estava da parte de fora, à porta. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do sumo sacerdote e falou à porteira, levando Pedro para dentro.
17. Então, a porteira disse a Pedro: Não és tu também dos discípulos deste homem? Disse ele: Não sou.
18. Ora, estavam ali os servos e os criados, que tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-se também.
19. E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
20. Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto.
21. Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.
22. E, tendo dito isso, um dos criados que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote?
23. Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, porque me feres?
24. Anás mandou-o, manietado, ao sumo sacerdote Caifás.
25. E Simão Pedro estava ali e aquentava-se. Disseram-lhe, pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou e disse: Não sou.
26. E um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no horto com ele?
27. E Pedro negou outra vez, e logo o galo cantou.
28. Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para a audiência. E era pela manhã cedo. E não entraram na audiência, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa.
29. Então, Pilatos saiu e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem?
30. Responderam e disseram-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
31. Disse-lhes, pois, Pilatos: Levai-o vós e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe, então, os judeus: A nós não nos é lícito matar pessoa alguma.
32. ( Para que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. )
33. Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o rei dos judeus?
34. Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim?
35. Pilatos respondeu: Porventura, sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?
36. Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui.
37. Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
38. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isso, voltou até os judeus e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
39. Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
40. Então, todos voltaram a gritar, dizendo: Este não, mas Barrabás! E Barrabás era um salteador.
1. Pilatos, pois, tomou, então, a Jesus e o açoitou.
2. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça e lhe vestiram uma veste de púrpura.
3. E diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.
4. Então, Pilatos saiu outra vez fora e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum.
5. Saiu, pois, Jesus, levando a coroa de espinhos e a veste de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.
6. Vendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e os servos, gritaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu nenhum crime acho nele.
7. Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
8. E Pilatos, quando ouviu essa palavra, mais atemorizado ficou.
9. E entrou outra vez na audiência e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.
10. Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?
11. Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.
12. Desde então, Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus gritavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo do César! Qualquer que se faz rei é contra o César!
13. Ouvindo, pois, Pilatos esse dito, levou Jesus para fora e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, e em hebraico o nome é Gabatá.
14. E era a preparação da Páscoa e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei.
15. Mas eles bradaram: Tira! Tira! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão o César.
16. Então, entregou-lho, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus e o levaram.
17. E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, que em hebraico se chama Gólgota,
18. onde o crucificaram, e, com ele, outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
19. E Pilatos escreveu também um título e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito: JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEUS.
20. E muitos dos judeus leram este título, porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, grego e latim.
21. Diziam, pois, os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, Rei dos judeus, mas que ele disse: Sou Rei dos judeus.
22. Respondeu Pilatos: O que escrevi escrevi.
23. Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte, e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.
24. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será. Isso foi assim para que se cumprisse a Escritura, que diz: Dividiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. Os soldados, pois, fizeram essas coisas.
25. E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena.
26. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse à sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
27. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
28. Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.
29. Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca.
30. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
31. Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação ( pois era grande o dia de sábado ), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.
32. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado.
33. Mas, vindo a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.
34. Contudo, um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
35. E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro, e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais.
36. Porque isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
37. E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram.
38. Depois disso, José de Arimatéia ( o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus ) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então, foi e tirou o corpo de Jesus.
39. E foi também Nicodemos ( aquele que, anteriormente, se dirigira de noite a Jesus ), levando quase cem libras de um composto de mirra e aloés.
40. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer na preparação para o sepulcro.
41. E havia um horto naquele lugar onde fora crucificado e, no horto, um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto.
42. Ali, pois ( por causa da preparação dos judeus e por estar perto aquele sepulcro ), puseram a Jesus.
1. E, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro.
2. Correu, pois, e foi a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.
3. Então, Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao sepulcro.
4. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.
5. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou.
6. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis
7. e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte.
8. Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.
9. Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos.
10. Tornaram, pois, os discípulos para casa.
11. E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro
12. e viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
13. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
14. E, tendo dito isso, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.
15. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
16. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni ( que quer dizer Mestre )!
17. Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
18. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor e que ele lhe dissera isso.
19. Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!
20. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
21. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
22. E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
23. Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes são perdoados; e, àqueles a quem os retiverdes, lhes são retidos.
24. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
25. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.
26. E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!
27. Depois, disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.
28. Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
29. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!
30. Jesus, pois, operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.
31. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
1. Depois disso, manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos, junto ao mar de Tiberíades; e manifestou-se assim:
2. estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, e os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
3. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam.
4. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus.
5. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não.
6. E ele lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes.
7. Então, aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica ( porque estava nu ) e lançou-se ao mar.
8. E os outros discípulos foram com o barco ( porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados ), levando a rede cheia de peixes.
9. Logo que saltaram em terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão.
10. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes.
11. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e, sendo tantos, não se rompeu a rede.
12. Disse-lhes Jesus: Vinde, jantai. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Porque sabiam que era o Senhor.
13. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lho, e, semelhantemente, o peixe.
14. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos depois de ter ressuscitado dos mortos.
15. E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.
16. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.
17. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.
18. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias: mas, quando já fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde tu não queiras.
19. E disse isso significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isso, disse-lhe: Segue-me.
20. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?
21. Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?
22. Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
23. Divulgou-se, pois, entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?
24. Este é o discípulo que testifica dessas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
25. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém!